AUTO-RETRATO
Sou uma qualquer
Dessas que caminham invisíveis
Sem um rebolar sequer
dessas imperceptíveis
Levo a cara lavada
A boca sem batom
A roupa larga
Os pés no chão
Não sou feia nem bonita
Tenho a face do meu nome
Não procuro um sobrenome
Serei sempre senhorita
Sou avulsa nessa vida
Sem futuro nem raiz
Por vezes sou pudica
Outras vezes meretriz
Não me enfeito em laços
Não disfarço meus defeitos
Estou além desses meus traços
Não me conquistam galanteios
O tempo tudo apaga
Apagará qualquer gracejo
O que sou cá aqui por dentro
Terá sempre algum ensejo
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
SONETO - INSÔNIA
Na penumbra noturna
abri os olhos pesados
espiei caolha a lacuna
temendo ouvir passos
O silêncio caíra sonoro
Pude escutar seu peso
Além do pingo de cloro
Estalido com desprezo
O ar sonolento e gélido
Tocou a nudez do rosto
Escarninho, fulo e fétido
A cama ruidosa estalava
O medo do escuro se fez
Ausente de fé, eu rezava
Na penumbra noturna
abri os olhos pesados
espiei caolha a lacuna
temendo ouvir passos
O silêncio caíra sonoro
Pude escutar seu peso
Além do pingo de cloro
Estalido com desprezo
O ar sonolento e gélido
Tocou a nudez do rosto
Escarninho, fulo e fétido
A cama ruidosa estalava
O medo do escuro se fez
Ausente de fé, eu rezava
MEDITAÇÃO
Suspensa em singular cronologia
Paraliso o momento e me desconheço
Decifro meus desejos e anseios, fria
Absorta em indagações a esmo
Gradativamente permito a passagem
Nada se faz intransponível ou ausente
O tudo que existe toma forma em imagem
Contaminando a realidade decadente
Compartimentos incrédulos se acumulam
Numa vastidão voraz que carrego
Ocos se emolduram
Numa cadência incessante de ecos.
Suspensa em singular cronologia
Paraliso o momento e me desconheço
Decifro meus desejos e anseios, fria
Absorta em indagações a esmo
Gradativamente permito a passagem
Nada se faz intransponível ou ausente
O tudo que existe toma forma em imagem
Contaminando a realidade decadente
Compartimentos incrédulos se acumulam
Numa vastidão voraz que carrego
Ocos se emolduram
Numa cadência incessante de ecos.
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