sexta-feira, 7 de novembro de 2008

INAUDÍVEL

Encolher sentimentos
Dobrá-los milimetricamente
Para que se possa engoli-los
Fazendo-os escorrer
Num labirinto longínquo

Ausente na língua
Para que não sopre infortúnio
E não se dilacere em íngua

O gosto , porém, permanece
Talvez haja vestígios no hálito
Sentimento assim não fenece
Sobrevive amordaçado e ávido

Amar em ciranda, insana
Atrai mal olhado, desanda
Antes nascer como planta
A viver com sentimento enjaulado

Ana Suelen Pisetta


Um comentário:

Carlos Pereira jr (merlimkerunnus) disse...

Lindo poema! Sua imagem é universal ao dizer a incomunicabilidade do outro que no fundo não passa de uma incomunicabilidade do próprio mundo que, diga-se de passagem,torna-se cada vez mais ilegivel... e nos faz deslocados de nós mesmsos enquanto individuos.
Parabens pelos belos versos! E perdoe-me pela meta-interpretação sem brilho de momento.