Na gangorra do cotidiano
Dias de poças de lama
Precipício e correnteza surda
Na rua sombra e engano
Um grito que se estrangula
Expandir-se num cubículo
Abrir os olhos em água salgada
A vertigem do redundante vício
Incômodo feito unha lascada
Acariciar a fúria
Sem recolher os dedos
Oferecer petúnia
Rasgar lamentos
Alimentar a razão
Equilibrar-se na fé
Tentar à exaustão
Cair e manter-se em pé
Ana Suelen Pisetta
25/03/2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
INAUDÍVEL
Encolher sentimentos
Dobrá-los milimetricamente
Para que se possa engoli-los
Fazendo-os escorrer
Num labirinto longínquo
Ausente na língua
Para que não sopre infortúnio
E não se dilacere em íngua
O gosto , porém, permanece
Talvez haja vestígios no hálito
Sentimento assim não fenece
Sobrevive amordaçado e ávido
Amar em ciranda, insana
Atrai mal olhado, desanda
Antes nascer como planta
A viver com sentimento enjaulado
Ana Suelen Pisetta
Dobrá-los milimetricamente
Para que se possa engoli-los
Fazendo-os escorrer
Num labirinto longínquo
Ausente na língua
Para que não sopre infortúnio
E não se dilacere em íngua
O gosto , porém, permanece
Talvez haja vestígios no hálito
Sentimento assim não fenece
Sobrevive amordaçado e ávido
Amar em ciranda, insana
Atrai mal olhado, desanda
Antes nascer como planta
A viver com sentimento enjaulado
Ana Suelen Pisetta
terça-feira, 16 de setembro de 2008
AUTO-RETRATO
Sou uma qualquer
Dessas que caminham invisíveis
Sem um rebolar sequer
dessas imperceptíveis
Levo a cara lavada
A boca sem batom
A roupa larga
Os pés no chão
Não sou feia nem bonita
Tenho a face do meu nome
Não procuro um sobrenome
Serei sempre senhorita
Sou avulsa nessa vida
Sem futuro nem raiz
Por vezes sou pudica
Outras vezes meretriz
Não me enfeito em laços
Não disfarço meus defeitos
Estou além desses meus traços
Não me conquistam galanteios
O tempo tudo apaga
Apagará qualquer gracejo
O que sou cá aqui por dentro
Terá sempre algum ensejo
Sou uma qualquer
Dessas que caminham invisíveis
Sem um rebolar sequer
dessas imperceptíveis
Levo a cara lavada
A boca sem batom
A roupa larga
Os pés no chão
Não sou feia nem bonita
Tenho a face do meu nome
Não procuro um sobrenome
Serei sempre senhorita
Sou avulsa nessa vida
Sem futuro nem raiz
Por vezes sou pudica
Outras vezes meretriz
Não me enfeito em laços
Não disfarço meus defeitos
Estou além desses meus traços
Não me conquistam galanteios
O tempo tudo apaga
Apagará qualquer gracejo
O que sou cá aqui por dentro
Terá sempre algum ensejo
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
SONETO - INSÔNIA
Na penumbra noturna
abri os olhos pesados
espiei caolha a lacuna
temendo ouvir passos
O silêncio caíra sonoro
Pude escutar seu peso
Além do pingo de cloro
Estalido com desprezo
O ar sonolento e gélido
Tocou a nudez do rosto
Escarninho, fulo e fétido
A cama ruidosa estalava
O medo do escuro se fez
Ausente de fé, eu rezava
Na penumbra noturna
abri os olhos pesados
espiei caolha a lacuna
temendo ouvir passos
O silêncio caíra sonoro
Pude escutar seu peso
Além do pingo de cloro
Estalido com desprezo
O ar sonolento e gélido
Tocou a nudez do rosto
Escarninho, fulo e fétido
A cama ruidosa estalava
O medo do escuro se fez
Ausente de fé, eu rezava
MEDITAÇÃO
Suspensa em singular cronologia
Paraliso o momento e me desconheço
Decifro meus desejos e anseios, fria
Absorta em indagações a esmo
Gradativamente permito a passagem
Nada se faz intransponível ou ausente
O tudo que existe toma forma em imagem
Contaminando a realidade decadente
Compartimentos incrédulos se acumulam
Numa vastidão voraz que carrego
Ocos se emolduram
Numa cadência incessante de ecos.
Suspensa em singular cronologia
Paraliso o momento e me desconheço
Decifro meus desejos e anseios, fria
Absorta em indagações a esmo
Gradativamente permito a passagem
Nada se faz intransponível ou ausente
O tudo que existe toma forma em imagem
Contaminando a realidade decadente
Compartimentos incrédulos se acumulam
Numa vastidão voraz que carrego
Ocos se emolduram
Numa cadência incessante de ecos.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
CIRCO
Não vá pensando que sou pura
Que não sou má
Tenho eu também desejos de
Vingança
e não costumo acalentar
lembranças para
Enfraquecer meu ódio
Não se acomode a estabilidade
Que te paira
Imaginado ser eu imaculada
Sou humana, como todas outras,
Como tu
Desfaço-me do que disse
Se assim precisar
Proteja-se contra minhas pragas,
Rogue compaixão
E não fuja
Me levarás sempre contigo
Não se pergunte nada
A resposta está comigo
Fique assim rendido
Ou me obrigarás
A atear fogo
No nosso circo colorido.
Não vá pensando que sou pura
Que não sou má
Tenho eu também desejos de
Vingança
e não costumo acalentar
lembranças para
Enfraquecer meu ódio
Não se acomode a estabilidade
Que te paira
Imaginado ser eu imaculada
Sou humana, como todas outras,
Como tu
Desfaço-me do que disse
Se assim precisar
Proteja-se contra minhas pragas,
Rogue compaixão
E não fuja
Me levarás sempre contigo
Não se pergunte nada
A resposta está comigo
Fique assim rendido
Ou me obrigarás
A atear fogo
No nosso circo colorido.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
INSTINTOS
giro em passos de valsa
nua, louca, amarga
agarrada a um vestido virgem
canto baixo ao seu ouvido
entupido
esparramada em pedregulhos
pontiagudos, amorteço
e teço cada teia
que te amarra
fito com palpável adoração
seus olhos que não sei a cor
ânsias de uma volúpia anciã
que não se cansa
âmago sedutor que invade
e percorre a devastação
de um corpo frouxo,
incasto,
dançante sem passos
tu que adentras
por todos meus poros
age como morfina
me estrangula
com monossílabos
tu que me torce
que me lê do avesso
que me chama
que me esquece
nua, dançando
em solo imaginário
e abandonada à autodidaxia
de amar você
nua, louca, amarga
agarrada a um vestido virgem
canto baixo ao seu ouvido
entupido
esparramada em pedregulhos
pontiagudos, amorteço
e teço cada teia
que te amarra
fito com palpável adoração
seus olhos que não sei a cor
ânsias de uma volúpia anciã
que não se cansa
âmago sedutor que invade
e percorre a devastação
de um corpo frouxo,
incasto,
dançante sem passos
tu que adentras
por todos meus poros
age como morfina
me estrangula
com monossílabos
tu que me torce
que me lê do avesso
que me chama
que me esquece
nua, dançando
em solo imaginário
e abandonada à autodidaxia
de amar você
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